— Pode me dizer, honestamente, o que
teria feito, se eu lhe contasse que iria aparecer no filme? Posso dizer
honestamente que teria saído correndo. Deixe a vaidade de lado, minha
querida. A finalidade era conseguir a
entrevista. Mas confesso que a enganei, apesar de ter um bom motivo! A questão
é: vai me perdoar, ou quer que eu lhe peça
perdão de joelhos?
perdão de joelhos?
(S/N) deu uma gargalhada.
— O grande Harry Styles de joelhos? Eu
gostaria de filmar isso. — Na verdade,
estava tentada a verificar se ele falava a sério, mas algo lhe dizia que não
era uma boa idéia. — Não precisa. Admito que, indubitavelmente, você estava
certo. Mas não vou perdoá-lo. Nem mesmo que me peça de joelhos.
— Ótimo. Eu não ia mesmo fazer isso.
— Desconfio de que você nem pretendia me
pedir desculpas — ela provocou, e ele não negou. — Bem, então, por que veio
aqui? gritou, incrivelmente zangada outra vez. — Só para ver se eu estou com
mania de grandeza?
Ele se levantou e estendeu as mãos para
ela.
— Venha cá.
(S/N) se encolheu, procurando resistir à
tentação que via naqueles olhos verdes.
— Não — falou baixinho.
O sorriso dele aumentou, e a raiva dela
também.
- Não me diga que uma corajosa feminista
como você tem medo de um beijo.
Agarrou-a pelo pulso, fazendo-a levantar,
e abraçou-a. Com o braço numa das mãos e a outra presa, (S/N) não pôde fazer
nada para deter lábios que se aproximavam. Sentiu o calor do corpo dele
irradiar pela fina camiseta de algodão.
Beijou-a lentamente, profundamente, com
uma ternura imensa.
— Não... não... — murmurou ela, quando
ele começou a mover-se nas costas, as mãos descendo mais e mais.
Ele não ligou para seus protestos. Ao
contrário, colou o corpo no dela, que sem perceber, agarrou-se a ele, vencida
pelo desejo. Foi sacudida numa onda de puro êxtase e não queria saber de mais
nada. Ela não podia resistir. Nem queria!
Ele a virou e colocou as mãos por dentro
da camiseta, de modo a poder acariciar-lhe os seios. O prazer e o desejo foram
tão violentos, que ela se sentiu fraca. Estava gemendo baixinho, sem nenhuma resistência,
quando, de repente, ele a largou e se afastou.
Confusa, olhou para ele. Então, percebeu
o que tinha acontecido e caiu no sofá, rindo descontroladamente. A camisa dele
estava com uma enorme mancha vermelha e o vinho lhe escorria pelo pescoço. Ela
queria dizer que era inocente, que não tinha feito de propósito, mas só
conseguia rir histericamente. Além do mais, ele parecia tão furioso que não
acreditaria que tudo não passara de um infeliz acidente.
Sem uma palavra, Harry se dirigiu para a
porta. Já tinha saído há alguns minutos, quando (S/N) conseguiu parar de rir.
De repente, o riso se transformou em soluços.
Só muito mais tarde é que pegou os
cálices e o vinho, guardou tudo e foi para a cama.
Acordou com os olhos inchados. Ao entrar
na cozinha deu de cara com a garrafa de vinho e quase chorou novamente.
Foi trabalhar sentindo um vazio no
estômago; não tinha conseguido tomar o café da manhã. Antes mesmo de entrar no
noticiário, já sabia que qualquer coisa que tivesse havido entre ela e Harry estava
acabada. A atitude dele confirmou isso.
Cumprimentou-a tão friamente, que ela não
conseguiu falar nada, apenas acenou com a cabeça. Daquele momento em diante,
foi como se ela não existisse. Só existia (S/N) Clarke, a repórter, um membro
da equipe como outro qualquer.
Harry fez com que ela trabalhasse
dobrado. E quando cometia erros (o que começou a acontecer com uma freqüência
assustadora), ele a corrigia de um modo impessoal e com um ar aborrecido.
Falava com ela só quando era absolutamente necessário, mas também conversava pouco
com as outras pessoas. Demorou algum tempo para que Louis percebesse a situação
e comentasse que pareciam estar trabalhando dentro de uma geladeira.
Harry ignorou o comentário, mas no dia
seguinte alterou os turnos de trabalho, de modo que só ficavam pouco tempo
juntos na sala. (S/N) não se importou. Trabalhava e vivia numa espécie de
vazio. Não tinha nenhuma vida social, nem estava interessada. Zayn e Louis tentaram
tirá-la daquela depressão, mas não conseguiram.
Foi preciso que chegasse alguém muito
especial para lhe dar novo talento; Niall Horan.
Niall era o novo produtor freelancer, cujos
talentos só eram superados pela irreverência e desprezo às convenções e pela autoridade.
Gostava de mulheres bonitas. Havia trabalhado no curso de comunicações que (S/N)
tinha feito em Londres, e se lembrava dela.
Ele entrou no estúdio como uma brisa
primaveril. Era um irlandês romântico, elegante, bonito, olhos azuis e cabelos
louiro. Era gentil, alegre, sempre encantador, e tratava todas as mulheres com muito
charme, como se fossem verdadeiras rainhas, não importando a idade ou a
aparência.
Era um conquistador, como ele mesmo
confessava, e não conseguia levar nada a sério, além do trabalho. Metade das
mulheres da televisão se apaixonaram por ele imediatamente, e a metade dos homens
parecia odiá-lo. (S/N) achou que era impossível resistir à alegria dele.
Incapaz de aceitar aquela garota desligada e triste como sendo a mesma moça
alegre que havia conhecido em Londres, Niall resolveu devolver um pouco de
felicidade à vida dela. Dizia que ela era seu "Projeto Camberra" e
que ia se vingar do homem que a deixara naquele estado.
(S/N) negou, mas ele sorriu, piscando:
— Claro que é por causa de um homem.
Tratando-se de garotas sérias como você, é sempre por causa de um homem. Não
minta para mim. Já representei o papel desse homem muitas vezes.
A partir desse momento, os dois estavam
sempre juntos e o romance virou o assunto de todos no escritório. Um romance
que, na verdade, não existia, mas que nenhum deles se deu ao trabalho de desmentir.
Niall corria atrás das mulheres só pelo
prazer da conquista. Compromisso era uma palavra que o deixava arrepiado. Tinha
um ponto de vista bastante cínico sobre o amor.